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sexta-feira, outubro 28, 2011

Praticando o Respeito



Estou trabalhando algo difícil, muito difícil, pelo é menos para mim. Estou praticando respeitar o próximo.
Mas quando falo isso digo respeitar mesmo! Não invadir, entender que temos ritmos diferentes, acreditamos em coisas diferentes, que vivemos em mundos e até verdades diferentes e que o que é bom para  um pode não ser tão interessante para o outro.
Exercitar isso tem sido muito difícil porque tenho sido pega em aspectos éticos durante o exercício dessa tarefa, especialmente quando o tema é relacionamento. 

No incío do ano conheci um rapaz muito especial, do tipo que não se encontra por ai (pelo menos o tipo de rapaz que me interessa não uma variedade abundante..rsrs), do tipo que eu gostaria de contruir algo junto, não falo de casamento, para mim construir é projeto, viagem, conhecimento, construir é vida, explorando sempre coisas novas...

Mas esse mesmo rapaz, que tanto admiro, tinha uma dificuldade muito grande: saber seu próprio valor e  apreciar a vida. Meu rapaz tem uma nuvem negra que encobre sua visão do mundo e não deixa ele ver as cores do arco-íris ou a beleza da vida nas coisas pequenas do cotidiano; as vezes essa nuvem se afasta e ele consegue apreciar o mundo, mas logo ela volta e tudo fica cinza novamente. Entretanto não se engane, essas dificuldades não diminuem a beleza de alma desse rapaz, apenas as escondem dele mesmo. 

Quando nos conhecemos, eu tinha acabado de começar meus estudos sobre respeito ao próximo, praticar não conduzir ninguém a  pensar o que eu penso ou manusear as pessoas ao meu favor, nem usá-las de forma desrespeitosa. Em resumo, aprendendo a ter uma certa ética guiando os meus passos.

Mas eu queria ajudar meu rapaz! Ele era eu! Em uma versão um tanto desafortunada  - No meu caso, tive a sorte de ter, nos momentos mais difíceis da minha vida, mentores que me ajudaram a superar, e ir em busca de crescimento. Ainda tenho muito a crescer, mas se tenho uma mente saudável hoje e senso de superação e crescimento boa parte se deve a esse suporte que tive quando se fez necessário.. - Ele era eu, e eu era alguém que estava começando a aprender a respeitar...

Como posso ajudá-lo sem me meter na vida dele de vez? Sem bagunçar seu mundo? Quem sou eu para ter o direito de achar que sei de algo que ainda não se sabe? Quais são as minhas reais intenções com esse rapaz? Será que esse não é um mecanismo meu para ter mais uma conquista e na verdade no final eu só farei mal a essa pessoa? E afinal de contas porque me importo tanto com alguém que nem conheço direito? 

Todas essas perguntas e muitas outras passaram pela minha cabeça. E enquanto elas passavam, nossa admiração e carinho um pelo outro foi aumentando e consequentemente nossa atração um pelo outro.

Quanto mais o conhecia e alterava sua rotina, mais me perguntava qual era o meu direito de tentar mudá-lo, seria isso ideal para ele ou para mim? Um potencial parceiro de vida, alguém que me acompanha em ritmo de pensamento, fala e atitude, que faz acontecer, mas que não está feliz com nada a sua volta; Poderia eu auxiliá-lo nisso? Naquela época eu estava esbanjando felicidade e minha meta se tornou partilhar com ele esse sentimento, demonstrar que é possível ter satisfação, que trabalhar a gente por dentro é tão importante quanto terminar projetos e aprender uma língua nova.

De tudo que poderia falar, prometi apenas o que poderia oferecer: uma chance de ver o mundo através do meu ponto de vista e partilhar minha felicidade. Em troca ele me ofereceu o que acreditava ter de valor: Me ensinar a ver beleza nas coisas pequenas, poesia na matemática e arte em vetores, calcular datas de cabeça e entender a filosofia de vida por trás do cubo mágico.

Nós tínhamos um trato e eu tinha medo, muito medo!

Como poderia conciliar tudo o que havia acabado de aprender, se nem tinha aplicado ainda? Ao saber que o impacto que as palavra têm sobre cada um de nós é diferente, como poderia partilhar com ele minhas novas descobertas e meus pontos de vista se ele não acreditava em nada que eu acredito? Em outras palavras, como podemos ajudar alguém a ficar melhor sem forçar a barra?

A resposta é simples, não dá.

Não dá pra ajudar ninguém que não queria ser ajudado porque a ajuda vem da própria pessoa a gente só dá uma sugestão ou outra, partilha experiências, mas a atitude de mudança é interna. Não dá pra partilhar amor se a pessoa não sabe receber porque acha que não merece. E ao saber disso, esse saber se tornou minha dificuldade.

Em pouco tempo ficou obvio que, independente de nossa admiração e carinho mútuo, eu não acreditava no caminho dele e ele achava o meu inalcançável. "Saber" possíveis soluções para seus lamentos não adiantavam ou porque só serviam para minha pessoa ou porque ele não acreditava ser possível e nem tentava.

Para cada pensamento desse formulado em minha cabeça, surgiam vários outros questionando a validade das minhas intenções ou acerca do meu entendimento sobre a vida.

Me decepcionei com ele em relação ao que esperava. Eu sei que não tenho direito de esperar nada, mas mesmo assim, a gente sempre espera algo.
Eu esperava mais força, mais coragem e o mais egoísta de tudo eu esperava entrega e confiança. Como posso eu pedir tanta confiança para alguém? Por que deveria ele confiar o rumo de sua vida a uma pessoa que conhece a tão pouco tempo? Eu sei das minhas intenções (ao menos acho que sei) mas como alguém de fora pode saber disso?

Eu precisava ir embora, pois mesmo tendo ajudado um pouco, mesmo tendo "carta branca" para fazer o que quisesse inclusive magoá-lo, eu não conseguia. E também não conseguia me comunicar apropriadamente. Os esforços para respeitar o outro (e ele foi a primeira pessoa que tentei honestamente fazer isso) faziam com que eu revisse sempre minhas palavras antes de falá-las, pensar no impacto, nas  minhas intenção escondidas, o que era justo ou não dizer. Em resumo, levei para o campo racional o que em geral deve apenas ser sentido, mas prometo que a intenção era boa.

Eu precisava ir embora, porque seria inútil permanecer ali.
Mas não deixaria ele sozinho, precisava seguir em frente, construir mesmo que sozinha, mas não queria deixá-lo. Pedi para ele escolher e ele escolheu o caminho dele e continuar nossa amizade,  e mesmo sabendo que essa decisão foi a melhor, fiquei muito triste porque queria fazer dar certo.

Atualmente estamos tentando nos adaptar a essa nova rotina, reduzir contatos e intimidades é muito mais difícil do que o caminho inverso.

Ontem nos falamos novamente, meu rapaz está mais uma vez triste, ele sempre está triste..

Quando notei isso queria sacudi-lo e dizer: "Acorda caramba! já te falei mil vezes levanta, vai a luta!!"

Mas lembro que ele tomou a decisão dele e devo respeitar, lembro que devo respeitar os ciclos dele, respeitar que cada um trabalha o seu da forma que pode; que devo respeitar o fato que mesmo que conhecesse alguma coisa que poderia fazer diferença, só faria alguma diferença se ele aceitasse; devo respeitar, respeitar, respeitar. e redirecionar essa energia novamente para mim devo respeitar meus ciclos, observá-los para então entendê-los e tentar corrigi-los. Descobri que para respeitar o outro devemos nos respeitar também. Notei que fiz várias violência comigo deixando de dizer o que queria e que ao mesmo tempo desrespeitei-o por não conseguir transparecer minhas reais intenções.

Vê-lo triste me deixa triste, e então quero correr e não  vê-lo nunca mais, porque fico com raiva, fico brava. Quando isso acontece, tento lembrar que cada um faz a sua vida e que eu tenho que cuidar da minha é o que me dá força para afastar essa cara de bode e voltar a trabalhar.

É muito difícil, muito difícil, ver alguém amado se limitando, se podando e não poder fazer nada. É muito difícil se chamar a atenção o tempo todo para não tentar tomar a caneta da mão da pessoa e tentar escrever sua própria história.

Eu sei que das minhas intenções, muitos fundamentos estão errados, eu sei que mesmo tentando ser madura tem muito coisa imatura e boba que eu fiz. Mas eu sou humana, tô aprendendo, pelo menos eu estou fazendo o meu melhor para entender, aprender e então crescer.

E crescer gasta neurônio, gasta lágrima, gasta papel, crescer dá dor de cabeça..
Para crescer é preciso errar e encarar esses erros de frente com coragem e perseverança, porque vale a pena muito a pena. Crescer dá trabalho, mas vale a pena a batalha.




"Tudo que se lembra esquece
Tudo que volta vai
Tudo que é triste alegre
E tudo se encaixa
"


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